sábado, 19 de setembro de 2015

É PàF espatifar?

Coligação PàF - Distrito de Braga 

Leitor, queira fazer o exercício de dizer: PàF!
O som resultante quase que poderia ser uma onomatopeia da acção de espatifar ou ser-se espatifado por algo ou alguém.

Segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa espatifar tem os seguintes significados:

1. [Informal] Espedaçar.

2. Rasgar, fazer em retalhos.

3. [Figurado] Estragar;

Comecemos pelo primeiro e atentemos para tal em alguns indicadores:

De Espedaçar:

As Terras de Basto perderam 3445 habitantes em dez anos, sendo que todos os concelhos de Basto perderam população desde 2001. Dos quatro, Cabeceiras de Basto foi o mais prejudicado com o movimento migratório, perdeu em dez anos 6,5% da sua população, ou seja, 1137 habitantes.

Mas estarão as Terras de Basto em inconformidade com o resultados dos responsáveis políticos desta PàF (e já agora igualmente da outra força política do 'arco da governação', aka, amigalhaços da alternância) no resto do país?

Não. Pois claro que não. As Terras de Basto estão na linha da frente desta dinâmica migratória que o 'académico' Poiares Maduro referiu, e passo a citar, "uma tendência desde a Segunda Guerra Mundial". Na verdade, serão mesmo necessárias situações catastróficas para que a malta dê à sola. Ora veja-se: nos últimos 5 anos (4 com Passos Coelho no leme) Portugal perdeu 200 mil habitantes (110 mil só em 2013), tornando-se a maior sangria populacional nos últimos 100 anos.   Devem ser estas tendências de que nos falava Poiares Maduro para amenizar a questão. Talvez para o mesmo, os movimentos massivos de 'emigração' que vêm da Síria, do Paquistão, do Iraque, e do Norte de África também serão uma 'tendência' desde a Guerra do Iraque.

Portugal tem ficado, assim sendo, espedaçado de gente. Elas saem deste pedaço, entre a Europa e o Atlântico, para um outro qualquer. Serve aqui como uma luva  a onomatopeia PàF.


De Rasgar, fazer em retalhos:

Parece que a taxa de desemprego desceu 1,8 pontos percentuais em relação ao anterior trimestre deste ano.
Eu percebo. Há muito mais emprego em Portugal: há os estágios profissionais a mascarar emprego a sério; há o subemprego a mascarar o emprego a sério; há o actual Governo que aposta na precariedade (ou flexibilização para gerar competitividade) e claro... o meu preferido: há menos gente para empregar, dada a sangria populacional da emigração nos últimos anos (aqui o 'rasgar' vai de encontro por acção-reacção ao 'espedaçar').
Recentemente um amigo escreveu,e passo a citar: "sabem qual foi o período histórico com menor taxa de desemprego em Portugal? Foi imediatamente após a Peste Negra. 'Eliminar' pessoas, por morte ou emigração, ajuda sempre a melhorar algumas estatísticas económicas, sobretudo as que usam percentagens."

Portugal passou assim a ser um país retalhado. Entre o retalho dos que ficam e o retalho do que tiveram (e têm) de partir.

De estragar:

Quando olho para a foto acima, não fugindo à regra de todas as outras que compõem a onda azul e laranja, penso logo numa campanha Primavera-Verão da Benetton e confesso que é mesmo difícil perante tal imagem enternecedora e de confiança, acreditar que esta gente será mesmo capaz de privatizar (a preço da China que a Three Gorges e a Fosun agradecem) Portugal inteiro.
Depois lembro-me de Saramago que Sousa Lara (PSD) 'empurrou' para Lanzarote e, PàF!, acordo perante as suas palavras:

"Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e
o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa,
privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E
finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os
Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas
privadas, mediante concurso internacional.
Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a
todos."


A palavra Espatifar significa ainda, em sentido figurado, "Dissipar".
Dia 4 de Outubro cabe ao leitor decidir se PàF será apenas uma incómoda onomatopeia ou uma realidade que lhe dissipará o futuro.

Sem comentários: